No entanto não dá pra dizer que "passou voando".
Foram muitas noites longas, embora confesse que minha mulher sofre mais do que eu neste quesito, com choros intermináveis e desesperos quase alucinados.
Um bebê é, realmente, uma lição de vida.
Para quem resolve, como eu, assistir ao parto, a lição já começa ali.
Quando o médico "puxou" ela foi uma emoção como eu nunca tinha sentido na vida. Costumo dizer aos amigos que imaginem algo que os emocionou muito e multiplique pela enésima potência.
E a Sophia não chorou.
A enfermeira a pega nos braços e coloca no berço (aqueles aquecidos cheios de sensores e fios) para fazer os testes de reflexos e tal. A Sophia tirou 9.
Depois de limpa a colocam novamente no berço e oferecem a este pai bobo, que neste ponto já não segurava lágrima nenhuma, a possibilidade de tocar no bebê.
Parei do lado dela e coloquei meu indicador entre os seus dedinhos. Imediatamente ela abriu os olhos, ainda cinzas, como que se me reconhecesse.
O médico ficava perguntando: "Não vai desmaiar né?"
A única coisa que eu não faria naquele momento era desmaiar. Queria viver cada momento.
Minha esposa na mesa estava tranquila, pois o médico já tinha garantido: "Ela é perfeita." (E quem não pergunta isso né?). Mesmo assim, pedi para levar a Sophia até ela. Foi um momento mágico, pois naquele momento ela já resmungava e foi só ouvir a voz da mãe que o silêncio tomou conta da sala. Era uma união transcendental. Um homem jamais terá tal união com o seu filho.
E depois daí foram dias e dias de lições.
A fralda que não deu certo, a pomada que não foi eficaz, o jeito certo de segurar, embalar ou não...
"E quando os pais estão extremamente cansados, o bebê começa a sorrir". Li isto em algum lugar.
E é assim mesmo. No final do primeiro mês a Sophia já ensaiava os sorrisos, e aquilo era como uma injeção de adrenalina nos nossos corpos exaustos.
Hoje ela ri o tempo todo. E nós, também.