sábado, 26 de março de 2011

CFC Beira Mar é um desastre

Nestes tempos em que muito se fala em Detran aqui no Rio Grande do Sul, e também no país inteiro em virtude das fraudes envolvendo os controladores de velocidade, carinhosamente apelidados de pardais, vou utilizar este espaço para um desabafo particular sobre o serviço prestado pelo CFC (Centro de Formação de Condutores) da cidade onde moro - Tramandaí que, em última análise, representa o órgão de trânsito.

Desde já peço desculpas pelo tom extremamente duro do texto, mas é impossível que seja diferente, tamanha a confusão que foi criada.

Uma simples renovação de CNH tornou-se uma batalha de mais de sessenta dias, em virtude da TOTAL INCOMPETÊNCIA dos funcionários do CFC Beira Mar de Tramandaí. Um processo que demoraria quatro ou cinco dias tomou proporções inimagináveis.

Um problema na definição da categoria da CNH foi o estopim para situações das mais bizarras e dignas de serem colocadas em um roteiro de comédia pastelão, nos moldes de Chaves ou Chapolim.

A começar pelo primeiro atendimento que recebemos, quando fomos informados de que não haveria como realizar a renovação da CNH pois havia uma discrepância entre as categorias da mesma. Sendo assim, teria que ser aberto um processo para corrigir o problema. No entanto, a informação não foi completa, uma vez que caso meu pai não quisesse, NÃO SERIA OBRIGADO a abrir tal processo, permanecendo com a categoria que já tinha.

Nos dias que se seguiram foram algumas visitas ao CFC, onde pude presenciar situações dignas de vergonha alheia (aquele sentimento ruim que dá sabe?) e outras de indignação mesmo.

É incrível o desrespeito e o despreparo dos “profissionais” que atendem no referido CFC.

Não há por parte dos atendentes o mínimo de respeito pelas pessoas: frases ditas automaticamente, falta de respeito àqueles que merecem mais atenção (como os idosos por exemplo), desconhecimento total do próprio serviço (o que leva, na maioria das vezes, as pessoas a perdas de tempo e dinheiro totalmente desnecessárias). Tudo isso regado à muita (eu disse muita) conversa paralela, brincadeirinhas, fofoquinhas e por que não dizer, picuinhas entre as que ali prestam serviços.

Em um dos casos ouvi uma atendente loira e bonita dizer a um senhor de idade o que deveria fazer para renovar sua CNH. Toda a explicação não durou mais de trinta segundos, e ela não a repetiu para ele, de modo nenhum. Mesmo que tenha ficado evidente que o mesmo não havia entendido bulhufas do que ela havia falado. Desrespeito puro! O coitado saiu meio tonto dali, sem saber nem se podia ir pra casa com o seu carro ou se pegava um ônibus para não correr risco.

Um outro rapaz estava há uma semana aguardando para receber sua carteira definitiva e o processo estava parado por causa da fotografia. Isso mesmo, da fotografia. Tudo por que uma das atendentes teria se enganado e colocado no sistema que a foto que ele já tinha não poderia ser usada, pedindo para o mesmo que providenciasse outra. O problema é que a foto poderia ter sido tirada ali mesmo, na hora. E ainda fizeram cara de maus amigos quando ele reclamou. Não se iluda, eu não fiquei o dia inteiro ali. Foram alguns minutos.

No caso da renovação da carteira do meu pai, tive contato com o que de pior pode ser oferecido a quem busca um serviço que cada vez mais é essencial, além de caro: o descaso. Infelizmente nestes serviços as pessoas deixam de ter nome, família... elas são um número. E em casos complicados um número chato ainda, que teima em incomodar.

Foram inúmeras tentativas de solução do problema, ouvindo sempre a mesma resposta: “enviamos o e-mail hoje senhor, tem que aguardar 72 horas para ter a resposta.” Pasmem! No mundo que vivemos hoje, em que aconteceu um terremoto no Japão e ficamos sabendo na hora (inclusive assistindo pela televisão em tempo real), eu tinha que esperar 3 dias para saber se haveria resposta. E não adianta ligar antes para saber, pois elas primeiro vão ver se venceu o prazo, e depois se tem resposta.

“Não podemos ligar para o DETRAN, tem que aguardar o e-mail.” Foi outra frase que ouvi muito nestes dois meses. Fiquei pensando se o CFC não pagou a conta do telefone ou se não ensinavam as atendentes a discar os números no aparelho. Sim, pois não pode ser outra coisa. Dizer para as pessoas que não podem ligar. Então chamem alguém que possa ligar!

Quando, enfim, perdi a paciência e pedi para ler um dos e-mails que teriam sido enviados (naquele momento já deveriam ser mais de dez), fui surpreendido por uma das atendentes que, juntando uma cópia do LIXO (vou repetir, DO LIXO), a desamassou na minha frente e permitiu que eu a lesse. Um texto digno de uma criança semi-alfabetizada (e não estou denegrindo a criança, pois ELA ainda vai ter a chance de aprender), com duas ou três linhas, não dava informação nenhuma sobre o caso para quem quer que o fosse ler. Um amontoado de números e expressões infantis.

Cheguei a comentar com a "moça" que minha filha de nove anos escreveria melhor. E é a pura verdade. Não porque a Duda (minha filha) seja superdotada não...

Para a “profissional” que o teria escrito bastava aquilo, talvez por que não fosse o pai dela que dependia da CNH para trabalhar. Era só mais uma coisa chata que ela tinha que fazer naquelas poucas horas insuportáveis que teria que ficar ali, atendendo aquelas pessoas mal educadas que teimavam em pedir coisas para ela. Logo para ela que provavelmente teria muitas outras coisas mais importantes a fazer. Tenho uma dica: procura outro emprego! Aliás, procura serviço, que emprego este aí tá mais do que bom. Pelo menos eu não vi algemas que a prendessem ao chão tampouco homens assoitando-lhe as costas. Não havia grilhões a arrebentar.

No meio de toda esta história fiquei pensando numa expressão que escuto muito no meio empresarial: a culpa não é daquela pessoa, mas de quem a colocou ali!

E é verdade. No mundo competitivo de hoje cercar-se de profissionais é o mínimo que um empresário deve fazer se quer crescer ou servir bem. Infelizmente este não é o caso do CFC Beira Mar. Talvez o monopólio seja a razão. Quem sabe está na hora de outro CFC instalar-se na cidade? Competição é muito bom sabia? Eu mesmo tenho muitos concorrentes e isso é muito bom.

A comprovação disso veio alguns dias depois quando enfim consegui falar com alguém superior às atendentes sempre tão prestativas (desculpe a ironia, não resisti). Minha surpresa foi grande. Muito grande. Aquela que se dizia "responsável" por problemas da natureza daquele que se arrastava já há mais de um mês simplesmente não sabia do que se tratava. Não fazia nem ideia. Nada! Zero! A cara dela era mais ou menos a de uma criança que pega o pai deixando o presente na árvore no Natal e se dá por conta de que Papai Noel não existe mesmo, como os coleguinhas da escola vivem dizendo.

No meio de toda esta confusão estavam os ditos "diretores" do CFC, mais perdidos que cego em tiroteio para usar uma expressão local, desdobrando-se em desculpas esfarrapadas.

Enfim, para não prolongar a história, depois de muitos contatos com o CFC e com o Detran (num jogo de empurra-empurra fenomenal) foi descoberto o problema: o exame médico.

Exatamente. O problema era o exame médico.

Nas palavras do atendente do Detran (este talvez o único bem treinado nesta história toda) o código de restrição no exame médico do meu pai estava errado. Ou seja, onde deveria ter um código que dissesse que ele só poderia guiar usando óculos estava outro, que não existia e que, nas palavras do próprio atendente, poderia definir que meu pai "não tinha uma perna, ou um braço, ou era louco".

Para não dizer que não falei de flores (e fui catar uma lá no fundo) gostaria de agradecer a Sra. Maria de Marco que, se não me engano, é diretora de ensino do CFC e que, vendo meu desespero diante da situação, dispôs-se a ajudar e sem a qual, talvez, a situação não teria tido nunca um desfecho. Uma pena que ela não vai durar muito lá. Muitas maçãs podres para uma sã.

Deixo aqui o repúdio pela situação grotesca pela qual passamos, e também o pedido para que o leitor deste texto, se morador da minha cidade, JAMAIS procure o ORGANIZADO CFC BEIRA MAR de Tramandaí para resolver quaisquer problemas que tenha com o Detran. Ou assuma o risco.