terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um mundo para Sophia


Em algum momento da vida li um livro que se chamava “O Mundo de Sofia” - cujo autor sinceramente não lembro o nome – em que a história da filosofia era contada através da vida de uma menina. O interessante deste livro, para mim, era a tentativa constante do autor em transportar o leitor para questões mais existenciais e menos concretas.

Pois bem. No último dia 03, às 18:20h, nasceu a minha Sophia. Com 47,5cm (ênfase no meio centímetro) e 3,275kg ela vêm para, juntamente com minhas outras duas filhas, continuar dando sentido e andamento à vida.

O nascimento de uma criança muda os paradigmas. A maneira de enxergar o mundo invariavelmente é alterada. Começamos a pensar no que será daqui há dez, vinte anos; refletir menos sobre o que somos e mais sobre quem somos. A velha dicotomia entre o TER e o SER.

Qual mundo deixarei para Sophia? – é a pergunta que tenho me feito.

Quando falamos assim a tendência é pensar no Macro, e aí vêm questões como aquecimento global, recursos renováveis e poluição. Pensei no seu conforto enquanto criança, na educação formal, em sua futura vida profissional...

Certamente para estas questões nosso esforço é necessário, mas na formação de um filho o papel dos pais é imprescindível. Dá pra notar a diferença?

Ensinar. Esta é a palavra.

Enfim, quero deixar para minhas filhas o mundo daquelas palavrinhas mágicas (Por Favor, Com Licença e Obrigado); um mundo onde o importante seja a pessoa, e não o dinheiro dela (por mais piegas que isto possa parecer); quero ensinar o respeito – aos pais, aos amigos, aos mais velhos; quero ser exemplo (por que elas olharão para mim em busca de respostas). Se conseguir tudo isso, o restante estará garantido.

O mundo talvez não seja assim daqui há dez ou vinte anos...

Mas o mundo da minha casa e do lar das minhas filhas, com certeza, será.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A piada do Rafinha Bastos

Sou fã do CQC da Band.

Sempre que possível assisto aos "homens de preto" da TV brasileira.

Já há algum tempo o "CUSTE O QUE CUSTAR" é uma boa opção para as noites de segunda-feira.

Nos últimos dias, no entanto, não foram as matérias com humor e o jornalismo que chamaram a atenção, mas sim uma piada (ou uma tirada, sei lá...) feita pelo Rafinha Bastos no dia 19 de setembro. Ao comentar a beleza da cantora Wanessa (ex-Camargo), o apresentador disse que "comeria ela". Ao ser lembrado de que ela está grávida, revidou: "Comeria ela e o bebê."

E o mundo veio abaixo!

Confesso que sou do tipo que acha desnecessário utilizar certas expressões cotidianas (quem não fala comer no sentido citado pelo humorista?) na televisão, uma vez que ainda acredito em um certo glamour televisivo.

Mas não foi o verbo que levou a toda a confusão. Até por que, assistindo à Fina Estampa ontem à noite vi chamarem um personagem de "comedor", e ficou por isso mesmo. Aliás, "merda", "filho da puta" vêm tomando espaço nas novelas...

A questão toda foi ter citado o bebê. E acho que aí o Rafinha se perdeu.

Tivesse ficado na "aventura gastronômica" com a filha do Zezé e nada disto teria acontecido.

Sendo assim, não há como defender, como muitos vêm fazendo, o "humor livre" ou "politicamente incorreto". Não é o caso.

Uma coisa é falar algumas barbaridades como o próprio Bastos faz - inclusive usando muitas vezes o fato de ser gaúcho para brincar com homossexualidade - e outra bem diferente é o que ele acabou fazendo - acho - que sem querer.

Outro dia já tinha feito uma brincadeira "mais saidinha" com uma moça da RedeTV! e acabou tendo que pedir desculpas. Mas até aí era uma mulher e ele acabou concordando que houve excesso.

Espero que se retrate, o que seria digno. Não vai ser nenhuma afronta a qualquer tipo de liberdade que possa ser tolhida.

Brincar todos podemos, mas não "A QUALQUER CUSTO".

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Astro

Não costumo escrever sobre televisão, embora goste muito.

O máximo que já fiz foi tecer alguns comentários no blog do Daniel Cesar (TVxTV, é legal, dá uma olhada lá), sem nenhuma pretensão em fazer análises técnicas.

No entanto, hoje senti uma vontade de falar sobre este assunto.

Não assisto tanta TV assim e, quando o faço, minha atenção é maior para as séries americanas. De tempos em tempos viro viciado em alguma delas. Há pouco tempo era House (assisti a todos os episódios até a sétima temporada) e, atualmente, tenho assistido "Law & Order: SVU".

Quando comecei a ver as chamadas para a estreia de "O Astro" na Globo, fui tomado por uma vontade muito grande de acompanhar o que seria o remake deste grande sucesso. É claro que eu não assisti à original (foi ao ar em 1977, e eu só nasceria em 1979), mas lembro da história (devo ter visto alguma reprise, sei lá), e esta vaga lembrança alimentou minha ansiedade.

Enfim veio a estreia, e confesso que gostei muito, muito mesmo.

Minha visão de telespectador enxergou muitos acertos.

Começando pelas chamadas, que começaram muito antes da estreia. Os personagens eram apresentados de forma bem diferente, já deixando claro suas personalidades.

O primeiro capítulo foi muito bom.

Muitos criticaram dizendo que houve pressa. Não houve pressa, mas sim uma preocupação com o público. As chamadas da novela já deixaram bem claro até mesmo características psicológicas das personagens, então o que vimos no primeiro capítulo foi a história da novela, e não uma apresentação de personagens, o que poderia levar a sentimentos de "deja vù".

Enfim, vamos ver no que vai dar a novela. Já estão dizendo que podem aumentar de 60 para 90 capítulos. Espero que fique nos 60, para garantir a qualidade.

sábado, 4 de junho de 2011

Palocci ri da nossa cara

E ontem assistimos à entrevista do Palocci.

Triste.

Triste saber que não somos um país sério, e talvez nunca seremos.

Para quem ainda possa não saber do que se trata, um resumo da história está aí ao lado (retirado do site G1) - tá meio pequeno -, ou lê aqui: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/06/temer-elogia-entrevista-e-diz-que-palocci-foi-leal-clientes.html

É impossível acreditar que alguém, em sã consciência, possa achar que não há nada de errado nesta história.

Será que somos tão idiotas que aqueles que nos governam podem rir da nossa cara desta maneira?

É óbvio que aí houve tráfico de influência, no mínimo. E acho que até coisa pior.

O mais engraçado é ler, no G1 também que, em entrevista a Folha de São Paulo hoje, o ministro alega NÃO TER FALADO SOBRE O CASO COM A PRESIDENTA. Você acredita? Ele NÃO COMENTOU NADA SOBRE ISSO.

Olha, é o fim da várzea.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os serviços de Telefonia

Está cada vez mais difícil.

Se, um dia, precisares de alguma coisa junto à operadoras de telefone (e quem não precisa?) prepare-se!

Estas empresas montaram tamanha parafernália que ficou praticamente impossível resolver problemas de maneira rápida e segura.

A solução de qualquer questão torna-se um calvário, regado à muita incompetência e falta de consideração.

Você liga para um call center e fica esperando (aquela lei do um minuto já era, aliás desde a criação), quando consegue falar com alguém normalmente tens que repetir todos os dados que o sistema pede que tu digites lá no começo da ligação. Mas isso é só o começo.

Atendentes extremamente mal preparados são os responsáveis pela solução do teu problema. Pessoas que não passaram por qualquer treinamento (pelo menos é o que parece), tamanha a falta de intimidade com o próprio trabalho. Sem falar no barulho que se houve ao fundo. Parece que estão em uma boate, e não em uma sala que deveria ser tranquila, pois teoricamente só haveria pessoas falando ao telefone. São risadas, conversas, etc.

E, depois de tudo isso, de ficares às vezes meia hora no telefone (liguei para a OI ontem e fiquei 38 minutos), tens que ouvir que há um prazo de 3, 5, 10 ou mais "dias úteis" para a solução do problema.

É impossível que, no mundo em que vivemos atualmente, tenhamos que esperar tanto tempo pela solução de problemas simples, como a transferência de uma linha, ou a mudança de um plano. Três dias úteis são uma eternidade no nosso mundo de hoje.

Só para exemplificar, outro dia pensei em mudar meu plano de TV por assinatura (SKY) e fiz tudo na internet, parado em frente à TV. Amigos me disseram que eu poderia fazer assim, pois ia me surpreender. Coloquei em um canal que era fechado pra mim e esperei. Quando concluí o atendimento, o plano mudou INSTANTANEAMENTE, na hora, em um piscar de olhos. O canal abriu na hora que dei o OK. Impressionante!

E aí? A SKY é muito melhor que uma operadora de telefone ou somente oferece o MÍNIMO que seus clientes esperam? Não estou fazendo propaganda, mas falando daquilo que conheço.

Aqui na minha região há ainda uma questão que piora tudo: não há concorrência na telefonia fixa.

Aí é um Deus nos acuda.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

40 vezes Inter! Campeão Gaúcho 2011!

E o título ficou com a gente!

Confesso que nem eu acreditava mais.

Depois do jogo do Beira Rio na semana passada, onde tomamos 3 a 2, acho que nem o colorado mais esperançoso poderia esperar uma reação tão espantosa como a de ontem.

Ainda mais com o jogo começando daquela maneira. Fomos sufocados por 20 ou 25 minutos. O coração sofreu, cara...

Não sei se o Falcão errou na escalação, como muitos comentaristas disseram (inclusive falando em "invenções", "adaptações"...), ou se os jogadores estão tão acostumados a jogar de um jeito que não assimilam as mudanças, mas a verdade é que estava um horror. Poucas vezes vi um time tão perdido em campo como aquele Inter, e temi pelo pior.

Quando Lúcio apareceu sozinho na frente do Renan e marcou o 1 a 0 para eles parecia o começo do fim. Logo depois o Renan fez uma defesaça em chute do Viçosa (aliás, ele sumiu depois).

Aí veio o dedo do treinador (que expressão ultrapassada heim?).

Muitos dirão que ele só corrigiu o que tinha feito de errado, mas mesmo assim há de se creditar a ele, pelo menos, a humildade do feito. A verdade é que tirando o Juan e colocando o Zé Roberto ele colocou o time todo no lugar. Kléber foi para a lateral (no meio não estava rendendo nada), D´Alessandro recuou um pouco (no ataque ele não é o mesmo cara) e Damião ganhou um parceiro.

O jogo mudou. Ficou parelho.

Damião empatou em jogada iniciada por D´Ale, que lançou Zé Roberto, que encontrou o centroavante que, na sua, fez o que sabe melhor.

O segundo gol foi emblemático, talvez um retrato do que era aquela partida para o grupo de jogadores. Andrezinho vinha há alguns minutos "se arrastando" em campo, por uma lesão no joelho. Não sei por que não havia saído ainda. A bola sobra na entrada da área e ele coloca, de chapa, com o pé direito, no canto de Victor. Não conseguiu nem correr para comemorar, tamanha a dor que sentia. Era a virada, mas não chegava: precisávamos de mais um gol.

E ele só veio com um pênalti, bem marcado aliás, de Victor em Zé Roberto. D´Alessandro não cobrou bem, mas aí estava o 3 a 1 que dava o título.

Infelizmente, em mais um lance infeliz do nosso goleiro, o Grêmio fez o 3 a 2, e a decisão foi para os pênaltis.

Três defesas do Renan (de vilão a herói) garantiram o 40º título gaúcho ao Inter.

Vamos ao Brasileirão!

Preciso ver um título brasileiro do meu time. O último foi no ano em que eu nasci.

Ei, aí está!!

Este ano nasce meu filho (minha esposa está grávida). Quem sabe não é um sinal?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Falcão no Internacional

Para quem não sabe, aqui no Rio Grande do Sul ou tu és colorado, ou gremista.

Não que os outros times não tenham torcida, mas a coisa é bem polarizada mesmo.

Minha família é praticamente toda colorada, ou seja, torcedora do Internacional.

Meu clube, seguindo o exemplo do rival (e veja que admitir isto é muito difícil) - que hoje tem Renato Gaúcho como técnico -, contratou, na semana passada, um dos seus maiores ídolos para ocupar a cadeira de comandante do time profissional: Paulo Roberto Falcão.

Falcão começou como jogador profissional no Internacional na década de 1970, e foi um dos responsáveis por levar aquele timaço ao tricampeonato brasileiro (1975, 1976 e 1979). Depois disso, transferiu-se para o Roma, da Itália, onde simplesmente foi apelidado de "O Rei de Roma", o que dispensa comentários sobre sua trajetória no país da bota.

Volante, mas com muita técnica - coisa difícil nos dias de hoje - o "Bola bola", como era chamado, participou daquela seleção de 1982, com Zico, Sócrates, etc., que perdeu para a Itália e ficou fora do mundial - talvez o maior "pecado" de todas as copas.

Mesmo tendo passado pelo São Paulo, é no Internacional que todos lembram dele.

Acima de tudo, o próprio Falcão diz-se torcedor do colorado.

Quis o destino (que clichê né?) que a saída de Celso Roth do comando trouxesse a oportunidade para a volta do ídolo.

A estreia vai ser no sábado, pelo Campeonato Gaúcho. Em todas as entrevistas que concedeu, Falcão vem dizendo que não vai mudar muita coisa, uma vez que teve pouco tempo, mas que pretende mudar muito o estilo de jogo do time. Isso é como música para os ouvidos dos torcedores, que já não aguentavam o esquema "chama derrota" de Celso Roth.

Enfim, antes mesmo da estreia quero deixar meu comentário pronto, sem medo de errar: "Vai ser um novo Internacional e, se deixarem ele trabalhar (nos moldes de clubes europeus em que os técnicos ficam anos no cargo), teremos um clube muito mais internacional.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O massacre do Rio de Janeiro

Infelizmente não há outro assunto no dia de hoje. Em qualquer lugar o comentário é o mesmo: "Bah, tu viu o que aquele cara fez?" Impossível ficar indiferente. O pior de tudo é que não há muito o que dizer. É uma conversa de frases curtas, como este post. Achei interessante um comentário que ouvi há pouco: "todos precisamos de uma explicação, para podermos seguir em frente." Identifiquei-me com isso, pois eu preciso desta explicação. Fiquei até tarde acordado esperando os jornais noturnos, na esperança de que alguma reportagem trouxesse algo conclusivo. É muito fácil dizer que o cara era louco, ou doente. Mas somente isso não explica. Sei lá. Talvez todos nós precisássemos fazer um minuto de silêncio, nem que este minuto fosse individual, pensando na dor das famílias e daqueles que sobreviveram depois de presenciar esta atrocidade. Crianças, ou adolescentes se preferirem, que ficarão marcados para sempre depois de assistir amigos e colegas serem executados. Incrível. Triste. E, infelizmente, sem explicação. Respeitemos o luto. Compartilhemos a dor.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A morte de Flávio Alcaraz Gomes

No dia 05 de abril, descansando em casa no horário de almoço, zapeei um pouco na TV e levei um grande susto ao sintonizar a TV Pampa de Porto Alegre. Ouvi uma notícia que deixou-me profundamente triste: a morte de Flávio Alcaraz Gomes.

Foi meio estranho, confesso.

Naquele dia tinha chegado mais tarde em casa e não assisti "Os Guerrilheiros da Notícia" (programa que ele comandava) desde o início. Sendo assim a primeira coisa que chamou minha atenção foi a cadeira do comandante vazia. Já senti o tremor, pois sabia que o Flávio (como todos nós que assistimos ao programa nos acostumamos a chamá-lo, como se íntimos dele fôssemos) vinha enfrentando problemas de saúde. Pois o Comandante não estava lá. A bancada estava cheia, aliás mais do que de costume, mas faltava a cabeça.

Não entendi muito bem.

Fiquei torcendo que fosse mais uma daquelas semanas de folga que ele vinha tirando, em virtude de problemas de saúde. Ledo engano.

A certeza do pior só veio quando prestei atenção aos olhos marejados de todos que ali estavam. Gritei para minha esposa: "- O Flávio morreu!" Ela, que aprendeu a assistir ao programa comigo veio correndo: "O "velhão"? - como costumava chamá-lo.

O que veio a partir daí foram sentimentos muito fortes.

Tenho 32 anos mas acompanhava o Flávio acho que desde os 18 sei lá... talvez antes.

A história dele como jornalista e correspondente internacional conhecia só das leituras.

Eu conhecia o Flávio dos seus programas na extinta TV 2 Guaíba. Adorava o "Flávio Alcaraz Gomes e Os Guerrilheiros da Notícia", que depois tornou-se "Os Guerrilheiros da Notícia" e o "Fórum", onde ele sempre entrevistava uma personalidade, dando total espaço para ela, colocando-se como entrevistador (como poucos sabem fazer hoje em dia).

Os Guerrilheiros sofreram um golpe grande em 2007, quando a Guaíba foi vendida para a Record e então o programa terminaria. Todos pensaram assim, pelo menos. O Flávio iria se aposentar, todos diziam.

Pois o programa não acabou. Ocupara agora um espaço na TV Pampa, em horário diferente, mas com o mesmo brilho. Um desafio novo encarado com naturalidade, mesmo com a idade avançada.

O Flávio, do alto da sua posição de mediador (não sei se a cadeira é mais alta fisicamente falando, mas com certeza ela ficava com ele sentado nela) era o gestor daquela bagunça organizada e, por vezes, ele mesmo bagunçava tudo, talvez por divertimento próprio ou para satisfazer o telespectador.

Foram muitas as "brigas" com o Baldi. Como esquecer aquele "heim Baldi?!" que ele largava de vez em quando, com o único intuito de irritar o colega de tantos anos?

A falta que ele fará é muito grande.

Muitos serão aqueles que falarão sobre esta lacuna, das mais diversas maneiras e sob os mais diversos prismas.

A mim, mero telespectador e admirador, resta dizer que meus horários de almoço não serão mais os mesmos - mesmo que o programa continue (amém) - pois faltará o jornalista, o correspondente, o mediador mas, principalmente, o GRANDE Flávio Alcaraz Gomes.

sábado, 26 de março de 2011

CFC Beira Mar é um desastre

Nestes tempos em que muito se fala em Detran aqui no Rio Grande do Sul, e também no país inteiro em virtude das fraudes envolvendo os controladores de velocidade, carinhosamente apelidados de pardais, vou utilizar este espaço para um desabafo particular sobre o serviço prestado pelo CFC (Centro de Formação de Condutores) da cidade onde moro - Tramandaí que, em última análise, representa o órgão de trânsito.

Desde já peço desculpas pelo tom extremamente duro do texto, mas é impossível que seja diferente, tamanha a confusão que foi criada.

Uma simples renovação de CNH tornou-se uma batalha de mais de sessenta dias, em virtude da TOTAL INCOMPETÊNCIA dos funcionários do CFC Beira Mar de Tramandaí. Um processo que demoraria quatro ou cinco dias tomou proporções inimagináveis.

Um problema na definição da categoria da CNH foi o estopim para situações das mais bizarras e dignas de serem colocadas em um roteiro de comédia pastelão, nos moldes de Chaves ou Chapolim.

A começar pelo primeiro atendimento que recebemos, quando fomos informados de que não haveria como realizar a renovação da CNH pois havia uma discrepância entre as categorias da mesma. Sendo assim, teria que ser aberto um processo para corrigir o problema. No entanto, a informação não foi completa, uma vez que caso meu pai não quisesse, NÃO SERIA OBRIGADO a abrir tal processo, permanecendo com a categoria que já tinha.

Nos dias que se seguiram foram algumas visitas ao CFC, onde pude presenciar situações dignas de vergonha alheia (aquele sentimento ruim que dá sabe?) e outras de indignação mesmo.

É incrível o desrespeito e o despreparo dos “profissionais” que atendem no referido CFC.

Não há por parte dos atendentes o mínimo de respeito pelas pessoas: frases ditas automaticamente, falta de respeito àqueles que merecem mais atenção (como os idosos por exemplo), desconhecimento total do próprio serviço (o que leva, na maioria das vezes, as pessoas a perdas de tempo e dinheiro totalmente desnecessárias). Tudo isso regado à muita (eu disse muita) conversa paralela, brincadeirinhas, fofoquinhas e por que não dizer, picuinhas entre as que ali prestam serviços.

Em um dos casos ouvi uma atendente loira e bonita dizer a um senhor de idade o que deveria fazer para renovar sua CNH. Toda a explicação não durou mais de trinta segundos, e ela não a repetiu para ele, de modo nenhum. Mesmo que tenha ficado evidente que o mesmo não havia entendido bulhufas do que ela havia falado. Desrespeito puro! O coitado saiu meio tonto dali, sem saber nem se podia ir pra casa com o seu carro ou se pegava um ônibus para não correr risco.

Um outro rapaz estava há uma semana aguardando para receber sua carteira definitiva e o processo estava parado por causa da fotografia. Isso mesmo, da fotografia. Tudo por que uma das atendentes teria se enganado e colocado no sistema que a foto que ele já tinha não poderia ser usada, pedindo para o mesmo que providenciasse outra. O problema é que a foto poderia ter sido tirada ali mesmo, na hora. E ainda fizeram cara de maus amigos quando ele reclamou. Não se iluda, eu não fiquei o dia inteiro ali. Foram alguns minutos.

No caso da renovação da carteira do meu pai, tive contato com o que de pior pode ser oferecido a quem busca um serviço que cada vez mais é essencial, além de caro: o descaso. Infelizmente nestes serviços as pessoas deixam de ter nome, família... elas são um número. E em casos complicados um número chato ainda, que teima em incomodar.

Foram inúmeras tentativas de solução do problema, ouvindo sempre a mesma resposta: “enviamos o e-mail hoje senhor, tem que aguardar 72 horas para ter a resposta.” Pasmem! No mundo que vivemos hoje, em que aconteceu um terremoto no Japão e ficamos sabendo na hora (inclusive assistindo pela televisão em tempo real), eu tinha que esperar 3 dias para saber se haveria resposta. E não adianta ligar antes para saber, pois elas primeiro vão ver se venceu o prazo, e depois se tem resposta.

“Não podemos ligar para o DETRAN, tem que aguardar o e-mail.” Foi outra frase que ouvi muito nestes dois meses. Fiquei pensando se o CFC não pagou a conta do telefone ou se não ensinavam as atendentes a discar os números no aparelho. Sim, pois não pode ser outra coisa. Dizer para as pessoas que não podem ligar. Então chamem alguém que possa ligar!

Quando, enfim, perdi a paciência e pedi para ler um dos e-mails que teriam sido enviados (naquele momento já deveriam ser mais de dez), fui surpreendido por uma das atendentes que, juntando uma cópia do LIXO (vou repetir, DO LIXO), a desamassou na minha frente e permitiu que eu a lesse. Um texto digno de uma criança semi-alfabetizada (e não estou denegrindo a criança, pois ELA ainda vai ter a chance de aprender), com duas ou três linhas, não dava informação nenhuma sobre o caso para quem quer que o fosse ler. Um amontoado de números e expressões infantis.

Cheguei a comentar com a "moça" que minha filha de nove anos escreveria melhor. E é a pura verdade. Não porque a Duda (minha filha) seja superdotada não...

Para a “profissional” que o teria escrito bastava aquilo, talvez por que não fosse o pai dela que dependia da CNH para trabalhar. Era só mais uma coisa chata que ela tinha que fazer naquelas poucas horas insuportáveis que teria que ficar ali, atendendo aquelas pessoas mal educadas que teimavam em pedir coisas para ela. Logo para ela que provavelmente teria muitas outras coisas mais importantes a fazer. Tenho uma dica: procura outro emprego! Aliás, procura serviço, que emprego este aí tá mais do que bom. Pelo menos eu não vi algemas que a prendessem ao chão tampouco homens assoitando-lhe as costas. Não havia grilhões a arrebentar.

No meio de toda esta história fiquei pensando numa expressão que escuto muito no meio empresarial: a culpa não é daquela pessoa, mas de quem a colocou ali!

E é verdade. No mundo competitivo de hoje cercar-se de profissionais é o mínimo que um empresário deve fazer se quer crescer ou servir bem. Infelizmente este não é o caso do CFC Beira Mar. Talvez o monopólio seja a razão. Quem sabe está na hora de outro CFC instalar-se na cidade? Competição é muito bom sabia? Eu mesmo tenho muitos concorrentes e isso é muito bom.

A comprovação disso veio alguns dias depois quando enfim consegui falar com alguém superior às atendentes sempre tão prestativas (desculpe a ironia, não resisti). Minha surpresa foi grande. Muito grande. Aquela que se dizia "responsável" por problemas da natureza daquele que se arrastava já há mais de um mês simplesmente não sabia do que se tratava. Não fazia nem ideia. Nada! Zero! A cara dela era mais ou menos a de uma criança que pega o pai deixando o presente na árvore no Natal e se dá por conta de que Papai Noel não existe mesmo, como os coleguinhas da escola vivem dizendo.

No meio de toda esta confusão estavam os ditos "diretores" do CFC, mais perdidos que cego em tiroteio para usar uma expressão local, desdobrando-se em desculpas esfarrapadas.

Enfim, para não prolongar a história, depois de muitos contatos com o CFC e com o Detran (num jogo de empurra-empurra fenomenal) foi descoberto o problema: o exame médico.

Exatamente. O problema era o exame médico.

Nas palavras do atendente do Detran (este talvez o único bem treinado nesta história toda) o código de restrição no exame médico do meu pai estava errado. Ou seja, onde deveria ter um código que dissesse que ele só poderia guiar usando óculos estava outro, que não existia e que, nas palavras do próprio atendente, poderia definir que meu pai "não tinha uma perna, ou um braço, ou era louco".

Para não dizer que não falei de flores (e fui catar uma lá no fundo) gostaria de agradecer a Sra. Maria de Marco que, se não me engano, é diretora de ensino do CFC e que, vendo meu desespero diante da situação, dispôs-se a ajudar e sem a qual, talvez, a situação não teria tido nunca um desfecho. Uma pena que ela não vai durar muito lá. Muitas maçãs podres para uma sã.

Deixo aqui o repúdio pela situação grotesca pela qual passamos, e também o pedido para que o leitor deste texto, se morador da minha cidade, JAMAIS procure o ORGANIZADO CFC BEIRA MAR de Tramandaí para resolver quaisquer problemas que tenha com o Detran. Ou assuma o risco.